sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Under the Sal tree Festival- India

O convite para o festival Under de Sal Tree

Em outubro deste ano (2016) eu fui convidada para participar de um festival chamado Under de Sal Tree, que acontece em Rampur, no distrito de Goalpara, no estado de Assam, Índia. Depois de enviar o projeto do espetáculo solo Estrelas, que contém as necessidades técnicas (onde está descrito que necessito de black out, refletores, espaço pequeno), recebi um aceite do organizador, o diretor Sukracharjya Rahba. Pouco depois estava tudo acertado para eu estar na programação deste festival. Duas semanas antes da data do festival, recebo as fotos do espaço:  o palco foi construído com palha e outros materiais naturais dentro de uma floresta cheia de árvores chamadas Sal. Também me foi passado o horário da apresentação: as 10 horas da manhã. Foi um susto. Nunca antes havia apresentado este espetáculo em espaço aberto, muito menos durante o dia. É possível mudar o espetáculo e apresentar uma demonstração de trabalho em seu lugar? Pergunta a diretora. Eu havia me comprometido a realizar aquele espetáculo, e, de alguma forma também sabia que seria uma experiência única poder apresentar ali. Fui trabalhando dentro de mim esta nova condição de apresentação. Já tinha feito o Estrela em espaços alternativos, com poucos refletores, e, depois, uma comunidade pobre de São Paulo onde apresentei durante o dia, sem refletores, mas num espaço fechado. Estas apresentações me prepararam para o que estaria por vir.
O tema do festival deste ano foi “Teatro na/da natureza”, e contou, nesta sua 7ª edição, pela primeira vez, com espetáculos internacionais. Assim como o meu, muitos dos outros espetáculos não foram pensados para serem apresentados naquele local, mas também se colocaram em diálogo com aquele novo ambiente. O conceito do festival, que segundo o programa oficial, partiu da problematização do desenvolvimento do homem e sua relação com a natureza. O festival convida, para a sua localidade (uma área rural), pessoas de diversas partes da Índia e do mundo, para ver e apresentar espetáculos dentro da natureza, de forma que esta integre os espetáculos e circundem todos os presentes, buscando romper, desta maneira, uma tendência contemporânea de entender-se a evolução do homem em seu natural distanciamento da natureza. De fato, o festival tornou-se importante em todo o país por este seu caráter revolucionário que traz as pessoas de volta para a natureza, envolvendo críticos, jornalistas, artistas e amantes de arte de toda a Índia.  Também, eu, do Brasil, fui convidada para estar lá. Eu também sofri uma revolução de volta à minha origem, aquela mais profunda, humana, através dessa experiência.

Chegando no Festival, em Rampur

                                                 Foto de uma parede do aeroporto de Delhi

O meu primeiro voo, com destino a Índia, foi em Nova Delhi, e dali fiz uma conexão para Guwahati, norte da Índia. No aeroporto me esperava um nativo com meu nome escrito numa folha de sulfite. Ele não falava inglês, nem eu a língua dele. Ele me levou para o estacionamento e antes que eu chegasse até o carro vi um grupo de umas 40 pessoas entre meninos e meninas, com idades dentre 13 e 18 anos, vestidos com trajes tradicionais. Eu saia do aeroporto enquanto eles entravam. Eles sorriam para mim e me olhavam com olhos muito arregalados como se nunca tivessem visto a minha “espécie”. Eu certamente também olhei-os com os mesmos olhos e com sorri com o mesmo sorriso. Era lindo ver aquele grupo com roupas que eu nunca havia visto antes, com cores e desenhos tão distintos. Eu caminhava rápido mas abria os olhos cada vez mais, como para guardar aquela imagem na memória. Sorria deslumbrada. Dentro de mim eu soube: nós vivíamos a mesma coisa, o encontro com o novo, com o estrangeiro.  Também sei que sou afortunada por ser uma estrangeira tão bem recebida (um indiano me disse dentro do avião que ele gostaria também de ser tratado assim, pois, como comerciante, sofria muito preconceito e destrato por seus traços indianos, em diversos países).
Entrei no carro com confusão. O lado reservado para mim era o da esquerda do carro, no banco da frente. Mas eu não dirigiria. Logo entendi: os carros eram como os dos ingleses, onde o lado direito é o do condutor. Também estava invertido o lado da rua por onde se dirige: o lado da esquerda para quem vai, o da direita para quem vem. O tempo todo o motorista buzinava para poder indicar as ultrapassagens. Na margem da rua muitas bicicletas, pedestres e motos (com condutores sem capacetes e mulheres sentadas de lado por conta de seus vestidos). Nas 3 horas até chegar na comunidade eu vi muitas construções, muitas casas e templos lindos e decorados, e no meio deles, muitas casas de sapê ou madeira, semiconstruídos. Lagos, esgotos a céu aberto, pessoas lavando roupas no rio, lixos jogados nos quintais, muitas árvores verdes, flores coloridas, feiras com pessoas vendendo todo o tipo de frutas, verduras e objetos, muitos barracos que funcionavam como bares, cafeterias e minimercados. As pessoas me olhavam com olhar inusitado, acho que evidenciava o estrangeirismo por conta da cor da minha pele. Ali as pessoas não estavam acostumadas a verem estrangeiros. 




Vídeo do caminho entre o aeroporto de Guwahati e o vilarejo Rampur





Chegamos finalmente na sede do grupo Badungduppa Kalakendra, cujo diretor, Sukrachrajya Rabha, é o organizador do festival. No lado direito do campo todo verde que é a entrada do seu teatro, eles fizeram, de sapê e bambu, as acomodações dos hospedes (que me incluía) e também uma cozinha. No meio havia um grande kioski que era o centro de reuniões. Do outro lado do campo, também de sapê, havia um roll com materiais impressos do espetáculo e um templo do mestre de Rabha, sempre com flores frescas, incensos e velas. No fundo haviam casas que são permanentemente habitadas pelos atores e atrizes do grupo, todos muito jovens. Com um grande quarto para os meninos e outro para as meninas, estes atores vivem em condições muito simples e muito conectadas com a natureza, lembrando-me das vilas de alguns indígenas que conheci no Brasil.

Nosso lugar de acomodação, em Rampur


Eu cheguei num horário bem próximo do almoço. Me serviram chá. Já tiveram assistido um espetáculo, pela manhã, e, depois do almoço teríamos outro espetáculo. Finalmente no horário do almoço eu comi a comida tradicional do local, que ser repetiria outros dias: arroz branco, legumes com temperos indianos (curri, gengibre, chile, entre outras coisas que não consegui reconhecer o que são), carne com temperos indianos (alguns dias tive frango, em outros, peixe ou porco), e caldo de lentilha. Sentei na mesa para comer. Havia uma colher de plástico que eu utilizaria nos 2 primeiros dias, antes de adotar o modo como a maioria dali comia: com os dedos da mão direita, ao invés de talheres. “É que se como com talheres, parece que não sinto o gosto da comida, não me sacia”, me explicava Mamob, um professor de escola, que também estuda doutorado em Guwahati e estava trabalhando no festival. Num outro dia eu brinquei com o professor de universidade, que me estava ao meu lado na mesa, comendo com a colher: “Você não é um clássico indiano”, eu disse. Ele me respondeu: “É que só como com os dedos quando a comida é muito saborosa”. Ele era de outro estado, e seu gosto por comida seguia o da sua região, sendo diferente desta parte da Índia. Eu dizia que eu era preguiçosa: “Para comer com as mãos eu tenho que lavá-las antes e depois de comer. Se uso a colher, não preciso”. Assim, percebi que haviam muitas diferenças e muitas semelhanças entre nossas culturas, e aprendi que cada estado da Índia tem sua comida, suas tradições e sua língua particular. 



 Após o almoço fomos para o teatro, assistir o espetáculo da tarde. Para a minha surpresa, haviam muitas pessoas e cada vez chegavam mais. Elas viam a pé, de bicicleta, moto e carro. Acho que foi a primeira vez que vi uma cidade (no caso um vilarejo) parar totalmente para assistir a um espetáculo. As sessões tiveram um público de entre 2 e 3 mil pessoas. Nenhum lugar esteve vazio em nenhum dia, pelo contrário, as pessoas se amontoavam em pé e até subiam em árvores para poder prestigiar os trabalhos. Isso foi realmente muito lindo. 



Os espetáculos 

Agora começo a falar dos espetáculos. Eles aconteciam 2 vezes por dia: as 10h  e as 14:30. Depois, as 17h, tinhamos reuniões com diretores, críticos e artistas, versando, cada dia, sobre os espetáculos apresentados naquele dia. Coloco todos, assim temos uma ideia do que um festival internacional de teatro de Assam (nordeste da Índia), reune (ou ao menos reuniu nesta edição. 


Nukhar Renchakayani Gopchani


Infelizmente perdi este primeiro espetáculo, apresentado no dia 15 pela manhã. Era do grupo local, o Budungduppa Kalakendra. O espetáculo utilizou a adaptação de Mchbeth (Shakespeare) realizado pelo reconhecido dramaturgo indiano H.S. Shivaprakash, e, o grupo utiliza-se de treinamento diário de suas atrizes e atores.  Segundo o diretor, através do espetáculo, tentou-se criar um ponto de vista de entendimento da dicotomia entre natureza e adestramento (nature and nurture). Este é um grupo dedicado ao teatro conectado com a natureza, sendo que seus integrantes vivem na natureza e fazendo seu teatro na natureza e sobre ela.


Black Hen




 Foi o espetáculo apresentado no dia 15 a tarde, pelo grupo da Coreia do Sul, Companhia de Teatro Mindulle. O ator Inhyun Song conta a história de uma galinha preta, que era distinta das outras de sua família, e acaba por escapar. E de uma vaca leiteira que também escapa e consegue poder simplesmente dançar e cantar durante a sua infância.
O que me chamou a atenção, como coloquei na reunião com os diretores (que aconteceu no final de cada dia), foi a forma de utilização de objetos do dia-a-dia dentro deste teatro de animação. A história, para mim, dramaturgicamente, ficou um pouco confusa, mas, segundo o ator, a galinha preta e o a vaca leiteira são histórias clássicas de seu país.


Question Mark


Este espetáculo, do grupo Alternative Living Theater, que é de West Bengal, Índia, começou com o a fala de seu próprio diretor, Prabir Guha, dando instruções ao público: fechamos os olhos e sentimos o aroma forte de diversas ervas e incensos que se aproximavam de nós, também gotas de água caímos em nossos corpos. Quando abrimos os olhos os atores começavam a encenar. De forma enérgica e improvisadamente, eles corriam para um lado e outro, pulavam, se jogavam no chão, se batiam, e todo um ritual acontecia.  
O diretor é um revolucionário, anárquico, que conseguiu colocar no espetáculo, através de representativos objetos e forma de atuação, a sua rebeldia e busca por mudança. Ao saber que eu era brasileira, ele falava com muito entusiasmo de Augusto Boal. De fato, posso dizer que o seu espetáculo tem um pouco de Boal nele.



Nian (The fire)


Do grupo Odiya, proveniente de Natya Chatana, Odissa, Índia, o espetáculo conta a história de uma mulher cujo marido morreu e que, na condição de ser uma mulher e estar sozinha, é abusada sexualmente por um negociante que chega no seu vilarejo.  Depois de perceber a situação, para lutar contra esta injustiça, torna-se uma comandante de tropa. Num combate, ela dá sua vida para salvar a sua trupe.
Além de ter um caráter político bem definido, a história passa-se no meio da floresta. O cenário utiliza-se apenas de bambu e panos coloridos.  A atuação está entre uma forma estilizada dos teatros políticos e de interpretação naturalista, sendo que há uma alternância mais para uma forma que para outra, em determinadas cenas.



Antígone: A espada contra o Poder do Estado


O diretor Manish Mitra criou o espetáculo com seu grupo de jovens atores chamado Kasba Arghya, localizado em Kolkota, Índia, adaptando o original texto de Sófocles. O espetáculo, segundo o diretor, é uma celebração do poder revolucionário da mulher, incluindo na peça traços de sua cultura indiana.
Antes do início da peça é possível ver no palco a velas, sentir os incensos, e ver uma tumba de terra do lado direito do palco. Do outro, um grupo de músicos tocam ao vivo instrumentos clássicos da Índia. Alternando entre cena de monólogos e coros, o espetáculo tem uma linguagem corporal ocidentalizada, mesclada com o os figurinos indianos.

Payanihal (Passageiros)


Este espetáculo, que traz atores em cena e um músico na coxia, é do grupo Janakaraliya: Teatro do Povo, de Sri Lanka. Em cena vemos dois personagens: um cego e outro sem mobilidade nas pernas. Um sobe em cima do outro. O de cima vê, o de baixo caminha, assim os dois corpos tornam-se um para chegar ao destino que sonham encontrar. Mas, no meio há muito conflito entre eles, causado pela desconfiança, inveja, abominação...  O destino então torna-se trágico.


Moja Podroz do Veda Prakritih



Criada por um ator polonês, Wojciech Mareck kozak, e dirigido por um indiano, o diretor Manish Mitra, este espetáculo solo conta a história de um polonês que viajou para a Índia, e encontra-se em conflito com a sua cultura e indiana.


E, claro, também apresentei o meu espetáculo, Estrelas.



Com luzes naturais trazendo o foco em muitas cenas, tive realmente uma profunda experiência em atuar dentro da natureza. Abraçada por uma linda floresta, com toda a energia que só as árvores tem, e, cercada por mais de 2 mil pessoas (o meu maior público dentro de uma só sessão), foi inexplicável a sensação de estar presente, aqui e agora, inteira e tão conectada com o universo: natureza e o ser humano, que é parte da natureza, claro.



Eu apresentei o meu espetáculo parcialmente em inglês, para facilitar o entendimento, e também em português. Tomei a personagem escritora como porta voz da língua estrangeira, porque também tem a função de narrar a história. Fiquei feliz em ver que isso não seria um problema porque eles estavam muito abertos a experiência já que muitos grupos de outras partes da Índia também apresentavam em sua língua nativa, que é diferente da língua deste estado, Assam. Também sei que a linguagem não-verbal, ou melhor, o verbo corporal, comunicou em primeiro lugar. O interessante foi ver a reação deles quando eu mudava de mulher para homem, levantando a saia e fazendo aparecer a calça. Todos riam surpresos, ainda que fosse a terceira, quarta vez que eu fazia a mesma ação. Algo que eu já esperava aconteceu: houve um leve choque (não grande o bastante para que eles deixassem o local, mas o suficiente para se surpreenderem com pudor) quando eu fiquei apenas com a minha blusa que não havia mangas e tem um decote acentuado. Nunca pensei nisso quando criei o espetáculo, mas ele agora estava sendo um choque para esta sociedade. Contudo, o contexto teatral me permitia isso, e o fato de ser estrangeira também me dava esta licença e todos tiveram um momento muito agradável durante a apresentação.





Os encontros


Todos os dias as 17h nos reuníamos para conversarmos sobre os espetáculos do dia. Havia sempre um mediador escolhido, geralmente um diretor de um dos espetáculos que estavam na programação, mas apresentando-se em outro dia, e os diretores, atrizes e atores que se apresentaram naquele dia. Após uma introdução do mediador, que também por vezes realizava perguntas aos artistas, abria-se para outras perguntas que podiam ser realizadas por todos. Estas sessões estavam sempre com um número considerável de participantes, pessoas que queria ouvir, saber do processo de criação, tirar suas dúvidas ou fazer comentários. Entre tantas questões, me chamou a atenção uma: a diferença entre movimento e ação, dança e teatro. Me explicaram ali que, a diferença entre dança e teatro não existia na Índia antigamente, mas que agora há. A definição foi a mesma que eu conhecia no ocidente: a dança é compostas por muitos movimentos, enquanto o teatro deve conter mais ações.  Desde uma produção da Índia muito inspirada no Living Theater, a companhia americana revolucionária em seu tempo, até uma produção de teatro de animação, este festival trouxe muitas perspectivas e formas de se fazer e ver o teatro. Também me fez sentir muito conectada com eles, vendo que suas produções (as contemporâneas, pensando na diferente entre estas e as formas tradicionais de dança e teatro) se assemelham muito as nossas, e suas questões são as mesmas das nossas. 


Das pessoas e o goodbye


Quando penso que, após quase 4 dias de viagem, entre ônibus, voos e carros, cheguei neste lugar e a única coisa que eles me perguntavam era o horário do meu ensaio. Alguns dos críticos estavam ali para a abertura do evento, mas não poderiam ficar até o último dia, justo o dia em que eu me apresentaria. Assim, ao invés de descansar da viagem, fiz um ensaio para eles logo depois que cheguei. No dia seguinte chegariam mais pessoas: “viemos porque conhecemos alguém que assistiu ao seu ensaio e nos disse que devíamos assistir!”, me disseram algumas pessoas, que viajaram de longe para estar ali. Realmente foi incrível ver um festival numa área tão remota cheio de críticos, jornalistas, diretores, professores, estudantes de PHD em teatro, artistas... Eles fizeram este festival sem anúncio na internet. Como divulgaram? Perguntei. A resposta foi: apenas com um banner na rua, nada mais. E mais de 2 mil pessoas estavam presentes em cada sessão. Muita gente veio de longe e isso realmente me faz entender que o festival conseguiu o que queria: estar no meio da natureza o fez muito especial, o que indica a importância dela.
Pela cor da minha pele, meus traços, muita gente queria tirar fotos comigo. Paravam o carro, a bicicleta, “Mam, Please....”, eu já sabia que era para tirar fotos. No dia da minha apresentação me senti uma celebridade: uma hora de fotos com todas as pessoas. Todos queriam registrar aquele encontro comigo, uma artista estrangeira.


Na foto o fotógrafo oficial do evento, um jornalista e um famoso dramaturgo indiano, também professor da universidade de Delhi, chamado H. Shiva Prakash. 







As primeiras pessoas que me pediram para tirar foto com elas.



Cada dia do evento haviam mais e mais pessoas da platéia, sendo que desde o primeiro as arquibancadas ficaram super lotadas. O organizador do evento, Sr. Rahba, me disse que talvez não fará o festival no próximo ano, porque senão terá um número muito grande de público, e terá problemas. Conto isso porque realmente é a máxima do problema oposto ao nosso no teatro brasileiro (e talvez em muitos outros países): falta de público. Realmente espero que haja outra edição no próximo ano, mas o grande número de público que viaja para estar neste vilarejo, além das pessoas locais, realmente é um problema: no último dia o espaço já não comportava todos, e teve certa confusão em uma parte do último espetáculo, levando-o a ser interrompido e retomado. Então, o problema é, como ter menos público, ou, como ter mais de um espetáculo ao mesmo tempo, não sei... Este outro lado do mundo me traz problemas opostos!!!
De fato o que levei desta experiência é que os indianos amam a arte, amam teatro e os artistas da cena. O valor empregado a esta atividade é realmente muito grande na cultura deste país. Contudo, conversando com os diretores, atrizes e atores, percebi que somos muito semelhantes quando se trata de financiamento público ou privado e que a luta para se manter atuante é a mesma seja no Brasil seja na Índia. 



domingo, 8 de maio de 2016

Entrevista Marilyn Nunes


http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/sptv-1edicao/videos/t/edicoes/v/atriz-prudentina-conta-sobre-sua-profissao-no-entre-nos/4943208/

Demonstração técnica O Oposto, com Marilyn Nunes dir Julia Varley

O Oposto


Para cultivar a atenção do público é preciso refutar a obviedade, o que é fácil, direto e que poupa energia. É preciso encontrar o difícil, o complexo, o oposto. O oposto é o dentro e o fora, é a intenção e a ação, é o espírito e o corpo. Inspirada no trabalho sobre a oposição de Delsarte, no otkas de Meyerhold, na resistência e contraposição de Decroux, na capoeira angola e no samba, da cultura brasileira, e, sobretudo, no processo prático realizado diretamente com as atriz e atores do Odin Teatret, esta demonstração sobre o oposto é apresentada, não como um método, antes como uma possibilidade de ponto de partida àquelas(es) que buscam o desenvolvimento da sua presença e criação cênica.




Direção: Julia Varley
Sonoplastia, Figurinos e Adereços: Marilyn Nunes e Julia Varley
Elenco: Marilyn Nunes



No Teatro de Arena Eugenio Kusnet
Dias 25/05 e 01/06 às 20 hr
Duração: 60 min
Ingressos:R$30 e R$15 (meia).

sábado, 7 de maio de 2016

Oposto Teatro Laboratório

Oposto Teatro Laboratório é um coletivo voltado para a pesquisa e desenvolvimento técnico e artístico da atriz e do ator.
    Surgido no ano de 2008 sob no nome de Cia Marilyn Nunes, em 2016 torna-se Oposto Teatro Laboratório afim de formalizar a participação de outros artistas dentro dele, processo já iniciado nos anos anteriores.  
     Inspirado no trabalho do Odin Teatret, cujo alguns dos integrantes fazem parte deste processo de pesquisa prática, ele concentra-se no desenvolvimento dos elementos da dramaturgia atoral, através do treinamento, e,  sua aplicação em contexto cênico: criação de espetáculos.
    Com suas produções atuais ele integra-se ao Nordisk Teaterlaboratorium, um laboratório teatral que abarca também o Odin Teatret, localizado na Dinamarca, lugar em que o Oposto Teatro Laboratório realiza residências anuais.

     A sua pesquisa concentra-se na:

    1) presença cênica
    2) dramaturgia cênica
    3) criação de materiais e dramaturgia atoral

Estrelas no Teatro de Arena

Cena Aberta FUNARTE 2016 – São Paulo
Apresentação do espetáculo Estrelas

Sobre o Espetáculo:
Concepção:
Este espetáculo é um solo resultante do processo de pesquisa prática de treinamento e dramaturgia atoral, com base na Antropologia Teatral, que se desenvolveu ao longo de 5 anos numa parceria entre o grupo Odin Teatret, da Dinamarca e a atriz Marilyn Nunes, criadora deste espetáculo. A criação atoral, a presença cênica e a dramaturgia que provêm dos materiais atorais, utilizando sua potência psicofísica, marca esta pesquisa. O maior período de intercâmbio entre a artista brasileira e o grupo dinamarquês deu-se no ano de 2012 e início de 2013, ano em que Julia Varley, integrante do grupo Odin Teatret, assumiu a direção do espetáculo, que estreou no dia 11 de janeiro de 2013, na sede do grupo, em Holstebro, Dinamarca.  Após a estreia, a atriz Marilyn Nunes retornou ao Brasil, iniciando uma série de apresentações do espetáculo, iniciando-as pela sua cidade, Presidente Prudente, no interior do estado de São Paulo, chegando até a capital, depois apresentando-o em outros estados do Brasil (Paraná, Mato Grosso e Goiás) e em outros países (Dinamarca e México).

Dramaturgia textual:
O espetáculo é inspirado na obra “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector. Na sinopse temos: “Detrás do som de máquina de escrever surge uma escritora com um pandeiro.  À beira da morte, ela trabalha em sua última novela, compondo os personagens enquanto os apresenta ao público: Macabéa, uma moça do subúrbio que conhece seu primeiro namorado Olímpico, Glória, a colega de trabalho que rouba seu namorado e Madame Carlota, uma cartomante com quem se consulta. Através de seus personagens a escritora traça uma retrospectiva de sua vida: o primeiro amor, a primeira decepção, a busca por quem se é, a consciência de uma vida miserável e sem sentidom, a crença num futuro feliz e o confronto final com o inevitável.  Com a morte da protagonista, a escritora encerra a sua novela e a sua jornada de vida”. Utilizando músicas brasileiras, pandeiro, um cenário simples, a atriz se desdobra entre os vários personagens.

Histórico de apresentações:

No histórico do espetáculo encontram-se apresentações realizadas em: SESC Thermas de Presidente Prudente (maio de 2013),  Mostra de Teatro de Presidente Prudente (junho de 2013), FENTEPP (Festival Nacional de Teatro de Presidente Prudente – setembro de 2013), SESC Consolação, São Paulo (temporada de março a abril de 2014 no espaço Beta), Casa Laboratório para as artes do Teatro (temporada no mês de maio de 2014), em Cuernavaca, México (junho de 2014), SESC Ribeirão Preto (agosto de 2014), Festival de Dança de Londrina, Paraná (outubro de 2014), Festival Extirpe, em Suzano, São Paulo (novembro de 2014), Festival Encontros Possíveis, em Cuiabá, Mato Grosso  (em dezembro de 2014),  temporada na sede Odin Teatret, (Holstebro, Dinamarca - dezembro de 2014 e janeiro de 2015), Encontro Ator Criador, em Goiânia, Goiás (fevereiro de 2015), no CEU Inácio Monteiro, em São Paulo (março de 2015) e no Teatro SESC Piracicaba (junho de 2015), Festival de Matão, São Paulo (setembro de 2015).

Prêmios:
Foi recebida a premiação de "Reconhecimento" do governo de Morelos, México, pela contribuição para a cultura realizada através da apresentação do espetáculo. Também houve a premiação para turnê na Dinamarca pela FUNARTE, através do edital de Intercâmbio Cultural. A atriz Marilyn Nunes também recebeu o prêmio Myriam Muniz 2015 para realizar seu próximo espetáculo, continuando a pesquisa e criação deste primeiro espetáculo solo.

Críticas:
“Seu espetáculo é de uma beleza, leveza e qualidade raras”, por Cacá Carvalho (ator e fundador da Casa Laboratório para as Artes do Teatro).
“O encantamento do espetáculo solo Estrelas nasce da simplicidade (...) A magia é gerada sobretudo pelo trabalho de atuação e manipulação de objetos, que se desdobram em funções e significados”, por Gabriela Mellão, crítica do Folha – Ilustrada.
Estrelas, trabalho solo da atriz Marilyn Nunes, nos leva a investigar a questão do ator-criador por outras perspectivas. Neste caso, a herança de toda uma tradição na busca de um repertório do ator, sintetizada principalmente nas pesquisas de Eugenio Barba, aparece como elemento central. Fruto de uma residência da atriz com Julia Varley, do Odin Teatret, o trabalho traz para cena todo o vocabulário de procedimentos do grupo dinamarquês, como as partituras corporais e vocais e a construção de imagens”, por Soraya Belusi, crítica no XX FENTEPP (2013).
O artigo “Com Estrelas, dinamarqueses levam Clarice Lispector ao palco”, de Gabriela Mellão (Folha Ilustrada e O Popular, em 19/03/2014) pode ajudar a entender o que é o espetáculo:
“O encantamento do espetáculo solo Estrelas, que estreia na sexta em São Paulo, nasce da simplicidade. A montagem é dirigida por Julia Varley – integrante da companhia dinamarquesa Odin Teatret – e aposta no trabalho do ator e na imaginação do espectador para levar ao palco Clarice Lispector (1920-77) e os personagens do romance A Hora da Estrela.
A magia é gerada sobretudo pelo trabalho de atuação e de manipulação de objetos, que se desdobram em funções e significados. Um tambor, por exemplo, acaba parecido com uma máquina de escrever.
A atriz Marilyn Nunes surge no palco com o instrumento no colo, dando vida a uma artista que cria e conta sua história ao mesmo tempo. Ela manipula o instrumento de um modo em que consegue criar sons que costumam ser produzidos por escritores em seu ato criativo, e não por músicos. Dois cubos alinhados em diferentes posições podem construir um quarto, uma vitrine, uma escrivaninha e uma tumba. Um pano vermelho vira cobertor, saia, anel e guarda-chuva.
Todos os objetos de cenário e figurinos são muito simples e servem para criar imagens em cena. Trata-se de um espetáculo baseado na capacidade de uma atriz fazer o espectador enxergar alguma coisa que não está ali”, explica Varley, atriz e diretora inglesa que ingressou em 1976 na companhia dinamarquesa fundada pelo italiano Eugenio Barba. “A montagem final é elaborada na cabeça do espectador. Aprendi isto nos 40 anos de trabalho no Odin Teatret”, completa a atriz.
Nunes encontrou em A Hora da Estrela um eco de sua própria história. E, da mesma maneira que a escritora se projetava em suas criações, a atriz fez de Estrelas uma obra que mistura material ficcional e real de sua trajetória. “Passei tanta dificuldade quanto Macabéa”, confessa, referindo-se à personagem principal do livro de Clarice Lispector. “A peça revela a abordagem filosófica que Clarice Lispector dá a sua história. Fala sobre vida, amor, esperança, decepção, dor e felicidade, ciente de que ela mesma estava prestes a terminar a sua jornada”, resume Nunes”.

 Duração: 57 minutos.
Valor do ingresso: R$30 (inteira) R$15 (meia).
De quinta à sábado, às 20h e domingo às 19h.


Mulheres no Teatro

De 25 de maio a 5 de junho o Oposto Teatro Laboratório ocupará o Teatro de Arena Eugenio Kusnet. Na programação temos atividades focadas nas Mulheres no Teatro Paulistano!



Compareçam! Entrada franca! 

Workshops de Teatro de Arena - Flávia Coelho e Marilyn Nunes

Serão oferecidos 2 workshops durante a nossa ocupação do Cena Aberta- FUNARTE no Teatro de Arena Eugenio Kusnet. Um por Flávia Coelho e outra por Marilyn Nunes.




Sobre Flávia Coelho: 

É atriz e arte-educadora, licenciada em Arte-Teatro no Instituto de Artes da UNESP e intérprete pelo Teatro Escola Macunaíma. Integra o Laboratório de Processos de Criação Atorais (LAPCA) da Unesp, sob coordenação da Profª Drª Lucia Romano, desde 2013, como participante e organizadora das atividades. Foi artista residente no Odin Teatret, trabalhando com Julia Varley e Marilyn Nunes, em 2015 e 2014. Em 2014, pelo Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural, do Ministério da Cultura. Integrou o Grupo de Pesquisa Dança: Estética e Educação (GPDEE) de 2008 a 2010, onde desenvolveu pesquisas de iniciação científica com bolsa PIBIC/CNPq. Como encenadora colaborou na montagem de Horário Comercial, com Fernanda Moreno e Natasha Curuci, que estreou na Mostra Experimentos do TUSP, em 2012. E em O abajur, com Alessandro Hernandez e Beatriz Nascimento, peça baseada no texto Abajur Lilás, de Plínio Marcos, em 2010. Em sua experiência como intérprete, destaca-se a atuação na peça teatral Tempo (2007), com direção de Renata Kamla e dramaturgia coletiva.

Sobre Marilyn Nunes: 

Marilyn Nunes é atriz colaboradora do Nordisk Teaterlaboratorium desde 2012, ano sua residência com o Odin Teatret, em Holstebro, Dinamarca, no qual trabalhou no espetáculo solo Estrelas, com direção de Julia Varley. É também mestranda em Artes pelo IA-UNESP, onde realiza pesquisas sobre treinamento atoral. Desde 2009 recebe treinamentos dos atores e atrizes do grupo, bem como de seu diretor, Eugenio Barba.  A partir de 2013, no Brasil, colabora com o Odin Teatret como tradutora, produtora e técnica, dando workshops e apresentando o espetáculo Estrelas junto ao grupo dinamarquês. Foi professora de teatro nas Oficinas Culturais do Estado de São Paulo entre 2002 e 2007 e trabalhou como professora de teatro em escolas públicas de 2005 à 2007. Empenhou-se em trabalhos artísticos como diretora e atriz, vivenciando os mais diversos estilos teatrais, apresentando-se em diversos festivais, recebendo prêmios governamentais e reconhecimentos internacionais pela sua atuação, tais como o Prêmio Myriam Muniz, Intercâmbio Cultural e Reconhecimento do governo de Morelos, México. Atualmente trabalha no livro inédito de Julia Varley chamado “Uma atriz e suas personagens” (editora É realizações) e está trabalhando como atriz em um segundo espetáculo solo, dirigido também por Varley, que conta com ensaios na Dinamarca e no Brasil. 

Aproveitamos para postar fotos do último workshop conduzido por Marilyn Nunes, em Pres. Prudente- SP, no Centro Cultural Matarazzo:

Programação da ocupação do Teatro de Arena Eugenio Kusnet - Cena Aberta - FUNARTE

Este é um projeto de ocupação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet organizado pelo Oposto Laboratório de Teatro com duração de duas semanas (de 25 de maio a 5 de junho) nas quais serão realizadas apresentações artísticas e atividades formativas. O espetáculo Estrelas será apresentado de quinta a domingo, enquanto na quarta teremos a demonstração técnica O oposto. Já as tardes de finais de semana serão destinadas ao projeto “Mulheres no Teatro”, que conta com performances, apresentações e palestras, entre elas O Tapete Manifesto, dirigido por Thais Medeiros, O que te prende Mulher?, do Coletivo Rubro Obscenas. Durante o dia serão ofertados 2 workshops de treinamento, conduzidos por Marilyn Nunes e Flávia Coelho.

Teatro de Arena: